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Capítulo 83 - Caleidoscópio de Destinos

  BOOM!

  Ana atravessou o telhado da cabana em uma queda violenta, fazendo um estrondo que afastou as aves das árvores próximas. A estrutura, velha como sempre, parecia n?o ter mudado durante sua ausência, embora algumas vinhas come?assem a crescer pelas paredes. O impacto foi forte, e ela sentiu o ch?o ceder levemente sob seu peso, levantando uma nuvem de poeira. As tábuas rangiam sob seus pés enquanto se levantava, a respira??o pesada e os olhos percorrendo o lugar que uma vez fora seu refúgio.

  Com pensamentos perturbados, mas ainda com algum controle, ela observou o ambiente ao seu redor. Seus olhos pousaram em uma foto pendurada na parede, agora suja pela poeira, mas ainda visível.

  — Tanta felicidade, tanta inocência — murmurou Ana, a voz carregada de nostalgia e amargura. A imagem foi tirada muitos anos atrás, quando nomearam o grupo.

  A imagem capturava um momento de alegria, sorrisos e olhares esperan?osos, apesar de melancólicos devido à perda recente. Era um contraste gritante com a realidade atual. A vis?o trouxe uma torrente de lembran?as que rapidamente se transformavam em acessos de raiva.

  — Ironia Divina... Ironia Divina... — repetia, quase como um mantra, com a voz entrecortada por risadas amargas, enquanto jogava velhos livros no ch?o. Sua voz ecoava pelas paredes da cabana, cada palavra carregada de uma mistura de dor e loucura. Os livros caíam pesadamente, levantando ainda mais poeira, mas ela n?o se importava. Estava imersa em uma tempestade emocional, revivendo memórias e lidando com a insanidade crescente.

  No meio do caos que criava, seus olhos foram atraídos por uma caixa no canto da estante. Era a caixa onde haviam guardado as moedas de ouro de recompensa de Marina após a miss?o especial. Curiosa, ela se aproximou e a abriu. Para sua surpresa, além das moedas de ouro, havia montinhos de dinheiro de prata e bronze, três colunas a mais do que se lembrava. Parou por um momento para prestar mais aten??o.

  — Quem... quem ousou tocar nisso? — murmurou, a voz trêmula por uma raiva sem sentido enquanto olhava ao redor, finalmente percebendo que o lugar estava sutilmente diferente do habitual. Alguns pratos e utensílios do dia a dia se amontoavam em um canto, o cheiro no ar n?o era o frequente odor do mofo de locais abandonados e as paredes, apesar de desgastadas, estavam bem cuidadas o suficiente para estar claro que alguém havia vivido ali.

  De repente, um soco veio em sua dire??o a uma velocidade absurda. Ana, ainda parcialmente insana, desviou do golpe por pouco e, instintivamente, chutou o inimigo inesperado, usando o impulso para se afastar. Com a espada já em m?os, entrou em guarda.

  — Invasor… de novo n?o, de novo n?o… — murmurava repetidamente o homem que apareceu à sua frente, se preparando para mais um poderoso soco. Suas olheiras eram profundamente marcadas e tanto o cabelo quanto a barba estavam extremamente desarrumados.

  Ele parecia louco, e a cena chegava a ser surreal. Ana se preparou para cortá-lo ao meio com um golpe vertical, mas ent?o, algo mudou. Os olhos do pugilista pareciam voltar a si, e ele gritou, assustado, caindo para trás.

  — Você... você é outro fantasma... n?o é real… n?o pode ser... — suas palavras eram desesperadas, como se estivesse confrontando uma assombra??o de seu passado.

  A mercenária parou o ataque, confusa. O homem come?ou a chorar, ajoelhando-se no ch?o. Seus olhos vermelhos trouxeram a Ana uma estranha familiaridade, mas o corpo desnutrido à sua frente contrastava muito com o corpo forte de suas memórias.

  — Alex? — perguntou ela, finalmente o reconhecendo. A incredulidade era clara em sua voz.

  Aquele rosto por onde as lágrimas escorriam em um misto de alívio e dor, embora mais velho e desgastado, ainda era o do companheiro de tempos passados, alguém que ela n?o esperava ver novamente.

  — Ana? é você mesmo? — Alex murmurou, sua voz trêmula e cheia de emo??o.

  A mercenária abaixou a espada lentamente, os pensamentos se atropelando enquanto tentava processar a situa??o. A cabana, o estado deplorável do ca?ador, tudo parecia apenas um sonho em sua mente deturpada, mas ela se esfor?ou para prestar aten??o na conversa. No entanto, logo a espada que ainda estava firme em sua m?o voltou a se levantar de forma ainda mais agressiva.

  — Você deveria estar morto. Na verdade, você é o fantasma!

  O olhar de Alex vacilou por um momento, sem entender, mas sua express?o também mudou rapidamente para um olhar de loucura determinada. Ele pegou a mesa próxima e a lan?ou em dire??o a Ana com toda a sua for?a.

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  — Um espírito tentando me confundir? N?o vou deixar isso acontecer!

  Ana mal teve tempo de reagir. O móvel voou em sua dire??o, e ela se abaixou, sentindo lascas de madeira passarem por cima de sua cabe?a quando se espatifou contra a parede atrás dela. A aura de mana ao redor de Alex parecia pulsar e ele avan?ou com os punhos cerrados, cada movimento estranho e complexo, como uma dan?a caótica.

  — Se é uma luta que você quer, fantasma, ent?o vai ter! — a mercenária ergueu a espada, mas a mesma atingiu com for?a o teto, fazendo a arma escapar de suas m?os. Com um grunhido de frustra??o ao perceber que era grande demais para lutar naquele espa?o apertado, ela desistiu de usá-la e levantou os próprios punhos, pronta para o combate corpo a corpo.

  Alex n?o hesitou. Ele lan?ou um outro soco em dire??o a Ana, o ar ao redor de seu punho vibrando com uma sutil energia. Ana desviou por pouco e respondeu com um golpe rápido no est?mago de Alex, mas ele girou o corpo, absorvendo o impacto e contra-atacando com um chute baixo que acertou a perna dela.

  — Aah! — ela gritou pela dor inesperada. Sua rápida recupera??o fez com que sua perna melhorasse durante a fuga, mas a liga??o do osso ainda era frágil. Ela cambaleou, mas n?o caiu. Suas costas ardiam onde suas asas costumavam estar devido ao esfor?o repentino, o sangue voltando a escorrer lentamente.

  Alex aproveitou a oportunidade, lan?ando um gancho de direita que pegou Ana no queixo, jogando-a para trás. Ela colidiu com uma estante, livros e vasos caindo ao seu redor enquanto tentava recuperar o equilíbrio. Alex n?o deu trégua, pegando um dos objetos caídos e arremessando em sua dire??o. Ana bloqueou com o antebra?o, mas a for?a do impacto a empurrou mais para trás.

  — Você n?o é real! — ela gritou, avan?ando novamente com uma fúria renovada. Seus punhos se moveram em um borr?o, acertando uma série de golpes no torso do ca?ador. Ele recuou, tentando se defender, mas a velocidade e a precis?o dos socos de Ana o for?aram a ceder terreno.

  — Quieta, assombra??o! — o homem gritou em resposta enquanto contra-atacava. Um soco pegou Ana na lateral do corpo, e ela sentiu a costela ceder sob o impacto.

  Com um giro, ela pegou uma cadeira próxima e a quebrou contra Alex, os peda?os voando em todas as dire??es. Ele recuou, momentaneamente desorientado, e Ana aproveitou a abertura para acertar um chute na sua coxa, derrubando-o no ch?o.

  O homem rolou rapidamente, evitando um pesado ataque que a mercenária lan?ou para o finalizar. Se levantou com um salto ágil, suas m?os pegando dois pratos de um armário próximo e os lan?ando em dire??o a Ana como discos. Ela desviou do primeiro, mas o segundo acertou seu ombro, apesar de n?o ter a afetado de forma significativa.

  Nesse instante, ignorando as dores, ambos come?aram uma troca frenética de golpes. Cada impacto parecia ecoar pela cabana, o som da carne contra a carne misturado com o zumbido da energia de mana.

  — Vou te mandar de volta para o inferno! — ela gritou, seus olhos brilhando com uma fúria insana.

  Alex pegou um peda?o da mesa quebrada ao trope?ar para trás e tentou usá-lo como uma clava, mas Ana agarrou seu pulso, torcendo-o com for?a. Com um grito de dor, o homem também segurou ela com a outra m?o, se jogando para trás e batendo contra a parede com um gemido.

  Em meio a queda, Ana acertou um soco direto em seu nariz, fazendo-o sangrar. Ele grunhiu, mas se levantou rapidamente, respondendo com uma cotovelada que pegou a mulher na têmpora, deixando-a atordoada por um momento.

  Finalmente, n?o conseguindo resistir ao cansa?o, ambos caíram de joelhos, respirando pesadamente. Ana olhou para Alex, seu rosto ensanguentado e sujo, e viu nele o reflexo de sua própria dor e insanidade.

  — Pare! — gritou, de repente, com sua voz rouca.

  Alex, instintivamente, parou a fútil tentativa de voltar para a briga, seu olhar fixo nela. Com movimentos lentos, Ana se arrastou até ele, seu corpo inteiro doendo. Ela levantou um dedo trêmulo e o encostou na testa do ca?ador.

  — Você n?o... você n?o pode ser um fantasma — Sua voz estava repleta de espanto. — Você n?o é transparente!

  Alex piscou, a mesma express?o de espanto tomando conta de seu rosto. Ele levantou a m?o lentamente, tocando o próprio peito e depois o ombro de Ana.

  — Você... você também n?o é um fantasma!

  Eles ficaram assim por um momento, o silêncio pesado entre eles, enquanto a realidade de suas situa??es finalmente se assentava em suas mentes perturbadas. Nesse momento, um pote de vidro caiu no ch?o, estourando e tornando o ambiente novamente tenso.

  Uma garota de longos cabelos vermelhos surgiu, puxando uma estranha lamina de suas costas. Em um movimento ágil, a lamina se desdobrou, tornando-se um uma grande haste maior que a garota.

  Foi uma transforma??o fascinante, segmentos de metal e madeira se movendo com precis?o engenhosa, revelando um mecanismo complexo de engrenagens e dobradi?as. As laminas finas deslizavam suavemente, formando um arco curvo e robusto, uma pe?a de engenharia impressionante e letal.

  — Que merda é essa? — xingou a garota, vendo a destrui??o do local. Uma flecha já estava pronta para ser atirada em Ana, enquanto a base da grande arma era fincada no ch?o com uma for?a amea?adora.

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