O lobo come?ou a rosnar ao ouvir o sutil cantarolar de Ana, seus olhos fixos nela com desconfian?a. O som que ela emitia era perturbador, carregado de uma energia que fazia seu pelo quase totalmente preto se eri?ar. Sem dar escolha a Lúcia, ele a pegou pela roupa com a boca e fugiu dali rapidamente, suas patas batendo contra o ch?o em uma corrida desesperada. A garota mal teve tempo de protestar, sendo carregada para longe da cena.
Ana se levantou lentamente, os punhos abrindo e fechando continuamente enquanto sentia a mana escura fluir intensamente por suas veias, muito mais espessa do que antes. A dor que a atormentava agora era apenas uma sombra distante. Uma gargalhada insana escapou de seus lábios, ecoando pela clareira sombria, misturada ao seu canto contínuo, como uma melodia sinistra.
— é isso... é isso... — falou para si mesma, sua voz alternando entre o sussurro e a melodia. Cada pulsa??o de energia em seu corpo parecia aumentar sua for?a, fazendo-a sentir-se invencível.
O ambiente ao seu redor parecia responder à sua loucura. A fuma?a amarela e preta que cobria o port?o dan?ava de forma errática, como se fosse um ser vivo alimentado pela energia caótica que emanava de Ana. As árvores ao redor, antes testemunhas silenciosas, pareciam inclinar-se para ela, seus galhos retorcidos como m?os tentando agarrá-la.
De repente, um murmurinho perturbador encheu sua mente, uma mistura de sussurros e gritos, todos convergindo em uma única ordem.
— Mate! Mate! Mate!
A escura espada bastarda parecia invadir sua consciência, incitando-a com uma urgência brutal. Ana tirou a lamina da bainha improvisada, sentindo como se a arma fosse uma extens?o de seu próprio corpo. As marcas profundamente gravadas no a?o pareciam brilhar intensamente, irradiando uma energia sinistra.
Ela a ergueu diante de si, observando o reflexo distorcido de seu próprio rosto na lamina. Seus olhos cor de mel, antes claros e determinados, agora estavam tomados por uma escurid?o sutil, mas insondável. A conex?o com a espada era avassaladora, como se seus pensamentos e os da arma se fundissem em um só.
— Matar... preciso matar... — murmurou, repetindo a inten??o do item, sua voz tomada por um tom de frenesi.
Sem hesitar, come?ou a caminhar em dire??o ao port?o. Cada passo era firme, enquanto a energia caótica corria por suas veias como um veneno doce e perigoso. O ch?o sob seus pés parecia tremer levemente a cada movimento, como se a terra reconhecesse o poder que ela possuía.
Ana n?o se importava mais com o que estava além da passagem ou com os perigos que poderia encontrar. A necessidade de matar, a necessidade de destruir era tudo o que importava.
Ela observou por um momento o entalhe na aparente fraca estrutura de pedra, onde figuras grotescas e símbolos arcaicos que contavam histórias de eras pouco conhecidas eram retratados, um testemunho mudo das for?as que guardavam aquele lugar. Com um movimento rápido Ana saltou através da fuma?a, deparando-se com um estranhamente claro corredor.
Uma pesada respira??o era ouvida atrás das maci?as portas de ferro que ela via em sua frente, mas Ana sentia-se mais viva do que nunca. A espada em sua m?o parecia vibrar com antecipa??o, como se estivesse ansiosa pelo próximo confronto.
— Matar… — incitada pelas palavras de violência, ela continuou a avan?ar.
Com um movimento rude, mas preciso, Ana lan?ou um chute brutal, fazendo o metal ranger e a estrutura se abrir com um estrondo, arranhando o ch?o de pedra.
Era como esperado, no centro da sala mal iluminada, uma criatura aguardava. Com pouco mais de dois metros de altura, seus olhos brilhavam com uma inteligência predatória em meio a penumbra, mesmo escondidos atrás de uma estranha máscara de ferro. Em suas garras, segurava uma longa corrente quebrada que pendia de seu pesco?o, os elos de metal tilintando suavemente com cada movimento.
A criatura se virou para encarar Ana com um olhar fixo e amea?ador. O ambiente ao redor era sombrio, as paredes cobertas de musgo e rachaduras, como se o tempo tivesse se esquecido daquele lugar. A umidade impregnava o ar, tornando a respira??o difícil, mas Ana estava indiferente a isso. Seus olhos encaravam o monstro de volta, e a necessidade que queimava intensamente dentro dela parecia se manifestar cada vez mais alto em meio aquela sala quase vazia.
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— Mate! Mate! Mate!
Sem hesitar ou esperar mais, se lan?ou na luta. A criatura rugiu, girando a corrente com uma destreza impressionante, criando um arco de a?o que zunia pelo ar. A mercenária desviou por pouco, sentindo o vento da corrente passar rente ao seu rosto, fazendo uma fina linha de sangue come?ar a escorrer de sua bochecha esquerda. A adrenalina corria por suas veias, intensificando cada sensa??o.
Enquanto seu inimigo recuperava a longa arma, ela disparou em velocidade surpreendente, desferindo um golpe lateral, a espada negra cortando o ar com um silvo mortal. A criatura bloqueou com a corrente, as faíscas voando enquanto metal se chocava contra metal. Com um movimento irregular, Ana girou sobre o próprio eixo, produzindo um poderoso corte vertical que fez a criatura recuar.
Em meio aos pequenos passos cambaleantes, a corrente voltou a atacar, movendo-se como uma serpente viva. Ana saltou para trás, evitando o golpe, mas a criatura aproveitou a oportunidade para saltar para frente, tentando agarrá-la com as garras livres. A garota reagiu rapidamente, deslizando para o lado e desferindo um ataque diagonal que rasgou a grossa pele do monstro.
A sala ecoava com o som de a?o e rugidos de batalha. Agora furiosa, a criatura brandia a corrente com ainda mais for?a. Os ataques contínuos eram barrados pela espada bastarda, o impacto reverberando em seus dois bra?os que seguravam firmemente a empunhadura, quando, com um movimento ágil, ela girou a lamina, enrolando a corrente e puxando com toda a for?a. A criatura foi arrastada para frente, perdendo o equilíbrio momentaneamente.
Aproveitando a abertura, Ana golpeou de forma certeira, cortando profundamente o deformado ombro que vinha em sua dire??o. Um grito de dor reverberou pela sala, mas em um forte desespero, o monstro lan?ou a corrente de volta, acertando o flanco de Ana e fazendo-a cair com um forte baque para o lado.
Ela se recomp?s rapidamente, rolando para longe do alcance de seu oponente enquanto sentia o sangue quente escorrer e a ardente dor pulsar, mas ignorou-a. Avan?ou novamente, a espada cortando o ar em movimentos rápidos e mortais. Cada golpe era calculado, buscando pontos vulneráveis na defesa da criatura após entender seus n?o t?o complexos padr?es de ataque.
O estranho guardi?o tentou contra-atacar, focando em uma busca desesperada pelo pesco?o da mulher, mas Ana era uma onda de violência. Ela se abaixou, evitando o golpe, e com um movimento fluido, desferiu um corte ascendente em dire??o ao bra?o cheio de músculos de seu inimigo. A criatura rugiu, erguendo a corrente para se defender, mas o golpe de Ana foi rápido demais. A lamina atravessou a corrente, partindo-a em dois, e continuou seu caminho até arrancar por completo o membro de seu corpo.
Os olhos da criatura, antes predatórios, agora mostravam medo. A corrente que antes segurava com firmeza agora estava caída no ch?o, inútil. Ana n?o parou mesmo em meio aos novos gritos que surgiam, e em um movimento contínuo, ela girou a espada, desferindo o golpe final que decapitou a criatura.
A cabe?a rolou pelo ch?o, os olhos arregalados em uma express?o de surpresa. O corpo caiu pesadamente, e a sala ficou em silêncio, exceto pelo som da respira??o ofegante da mulher. O cheiro metálico de sangue enchia o ar, e a espada em sua m?o estava coberta de um líquido escuro e viscoso enquanto uma nova marca aparecia discretamente em sua extens?o.
Ana se ergueu, o corpo ainda tremendo com a excita??o do combate. A sensa??o de poder era intoxicante. Ela olhou ao redor, seus olhos brilhando com uma intensidade insana. Sentia-se invencível.
Foi ent?o que sentiu o vazio dentro de si ser preenchido aos poucos, a energia fluindo para dentro de seu cora??o, acalmando o caos que dominava sua mente. A sensa??o de que a corroía dava lugar a uma onda de poder revigorante, a mana da criatura agora fluindo para suas veias como um rio calmo após uma tempestade.
Seus olhos voltaram a focar no ambiente. A sala estava repleta de sombras dan?antes, a luz fraca mal revelando os detalhes da batalha que acabara de travar. Viu suas m?os cobertas de sangue, um testemunho mudo da carnificina que acabara de cometer. A vis?o do líquido vermelho escuro gotejando de seus dedos trouxe um momento de clareza. Mas foi apenas isso, um momento.
A mana reversa, ainda latente em seu corpo, come?ou a mostrar sua dominancia novamente. Sentia a loucura retornar, a necessidade de matar voltando a crescer dentro dela. A sanidade recém recuperada come?ou a se dissipar, substituída por uma raiva crescente ao perceber que estava ficando mais fraca.
— Fraca, inútil…. Fraca… Tenho que matar mais... preciso de mais for?a!
Seus gritos eram como um som primal que ecoava pela sala sombria. A espada, que antes vibrava com uma urgência brutal, agora estava em silêncio, e isso aumentava ainda mais sua frustra??o.
Ela deu um passo à frente, ent?o outro. Uma melodia irregular que refletia seu estado mental fragmentado surgia em forma de assobio enquanto avan?ava lentamente mais fundo na escurid?o.
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