home

search

Capítulo 59 - Insanidade Carmesim

  — Eles s?o bons — comentou Ana, observando a luta de trás de um pilar.

  — Mas ela é melhor — respondeu a Sombra, enquanto a Bruxa lan?ava uma onda transparente, derrubando um dos novatos.

  Amanda estava afastada, sem conseguir ajudar no embate, enquanto a Bruxa atacava com ferocidade. Seus movimentos eram fluidos e precisos, e sua habilidade ao combinar estocadas de lan?a com um ágil controle do vento era impressionante. Ela gargalhava enquanto lutava, claramente aproveitando o desafio.

  Os novatos se moviam em sincronia, com ataques contínuos com suas espadas curtas, for?ando a estranha mulher a recuar momentaneamente. Um dos rápidos cortes conseguiu atingir a esguia perna. Ela cambaleou, mas n?o caiu e, sem perder tempo, fez um pilar de vento lan?ar o novato contra a parede, dando espa?o para que saltasse para trás.

  — Vocês s?o mais do que aparentam! — zombou a Bruxa. O grande fluxo de sangue que escorria de sua perna cessou repentinamente, e uma sutil fuma?a come?ou a emanar do líquido viscoso que já havia escorrido sobre o local, acompanhado de um forte cheiro de carne. — Mas v?o ter que se esfor?ar um pouco mais se querem me parar — completou ela, dobrando a perna para confirmar que a ferida foi corretamente cauterizada.

  Sem mais palavras, a mulher lan?ou-se novamente para frente, ficando ainda mais agressiva. A ponta de sua lan?a foi direcionada ao cora??o do novato que foi atingido pela magia anterior, o qual ainda aparentava estar meio atordoado.

  Vendo seu companheiro em perigo, o segundo homem se jogou em um movimento improvisado em dire??o a arma, conseguindo desviar sua trajetória, mas sendo perfurado superficialmente na lateral de seu abd?men.

  — Eu venci — murmurou para si mesma, largando a lan?a e apontando a m?o para o ferimento. Murmúrios come?aram a sair de seus lábios antes de ela continuar com um alto grito. — Queime!

  “é t?o vergonhoso”, pensou Ana, vendo a performance a sua frente, antes de ficar at?nita por nada ter acontecido.

  — Queime! Queime! Queime!

  Também confusa, a Bruxa come?ou a repetir a ordem sem parar, cada vez trocando a m?o que apontava para a figura perfurada à sua frente. Com movimentos lentos, o mascarado removeu a lan?a de seu corpo, mas ao invés do sangue escorrer, a ferida come?ou a esfarelar.

  — Habitantes da cidade amaldi?oada, mas que surpresa — murmurou a Sombra.

  — Cidade amaldi?oada? O que é isso?— perguntou Ana, surpresa.

  — é um lugar que… assusta.

  Indignada com as palavras vagas, a mercenária estava prestes a reclamar, mas os novos gritos vindos do altar atraíram sua aten??o.

  — Desgra?ado, sangre! Eu preciso de sangue!

  Meio cambaleante, o novato se juntou a sua dupla, preparando-se para voltar ao ataque, mas foram surpreendidos quando a Bruxa se virou de costas e correu em dire??o a Amanda.

  — Vem aqui, sua inútil! — pegando a escrava assustada pelos bra?os e trazendo-a para perto, a insana mulher perfurou múltiplas vezes seu est?mago com uma adaga que tirou de seu cinto, sem hesita??o.

  O sangue jorrou, mas estranhamente n?o caiu no ch?o, tornando-se pequenas bolhas que flutuavam ao redor da Bruxa. A pequena sala lentamente se transformou em um palco macabro de sangue e poder.

  — Lysandra vai ficar brava. Vocês s?o os culpados, n?o v?o sair vivos daqui.

  As gotículas se reuniam em uma grande bolha nas costas da gladiadora de elite, que com um alto “plop”, explodiu, criando um esplendoroso manto de sangue.

  Sua boca n?o parou de sussurrar nem um momento, e em conjunto com movimentos estranhos de suas m?os, o líquido vital come?ou a formar estranhos tentáculos afiados, lan?ando-se contra os novatos com velocidade e for?a.

  “O vento parece comprimir o sangue, isso é simplesmente incrível… e bem problemático. Merda de mana”, Ana torcia o nariz ao ver a cena.

  Ela sempre sentiu que lutar contra humanos era mais simples do que enfrentar feras que agiam por instinto; movimentos previsíveis, mesmo quando fortes. Um corpo com medo da dor, permitindo fintas que obrigavam lutadores a defender-se erroneamente. Uma mente que segue em dire??o ao óbvio em momentos de desespero. Nada complexo.

  Mas Ana nunca havia precisado enfrentar um manipulador experiente, e vendo a luta a sua frente, entendia cada vez mais o qu?o grande era a distancia causada pelas suas desvantagens.

  Um dos novatos tentou bloquear o ataque, mas as laminas rodearam sua espada como se ela n?o existisse, deixando marcas profundas em seus bra?os de pedra. A Bruxa gargalhava enquanto atacava, seus olhos cada vez mais vermelhos, brilhando com uma loucura intensa.

  — Venham, estátuas miseráveis! Mostrem-me o que podem fazer! — Ela gritou, erguendo Amanda no ar e drenando mais sangue do corpo ferido.

  Um dos tentáculos pegou de surpresa um dos oponentes, envolvendo-o de imediato e esmagando-o com toda a for?a. Apesar de n?o sangrar, a estrutura do corpo come?ou a esfarelar sob a press?o.

  Vendo que as armas n?o tinham efeito ao atingir diretamente o sangue, o mascarado livre correu em dire??o a Bruxa, mas quando saltou para uma tentativa de ataque vinculado, se deparou com um sorriso aterrorizante e zombeteiro.

  — Te peguei, seu trouxa.

  A Bruxa mordeu fortemente as próprias bochechas, e com o sangue enchendo a boca, cuspiu em dire??o a seu inimigo ainda no ar. O líquido carmesim se solidificou em uma deformada lamina, atingindo o segundo novato e arrancando parte de seu bra?o. A destrui??o do membro comprometeu seu equilíbrio, fazendo-o cair pesadamente no ch?o durante o pouso.

  Aproximando-se com passos lentos, a Bruxa pisou sobre seu pesco?o, e após poucos segundos a pedra cedeu em milhares de pequenas rochas, destruindo-o por completo.

  O último novato, percebendo a inevitabilidade da derrota e com finas rachaduras se espalhando por seu corpo, olhou em dire??o ao pilar de onde a equipe de Cassandra assistia tudo. A máscara trazia apenas uma express?o vazia, mas era como se seus olhos encontrassem os de Ana, como se quisesse transmitir uma última mensagem. A Bruxa, sem dar importancia, terminou de destruir a estátua restante com um aperto final, deixando apenas peda?os esfarelados no ch?o.

  Com a luta terminada, a Bruxa voltou-se para o altar e ativou o artefato, seu sorriso sádico ainda mais amplo.

  — Isso deve ser suficiente — disse ela, triunfante, antes de come?ar a se afastar saltitando. No entanto, de repente parou bruscamente, olhando para trás com um olhar sério. — Ei, Glutona, preste aten??o nos sinais.

  Did you know this story is from Royal Road? Read the official version for free and support the author.

  Antes que Ana pudesse responder, a mulher ensanguentada voltou a seguir seu caminho.

  — Sinais? Do que ela está falando?

  — N?o fa?o a mínima ideia… — respondeu Ana, pensativa — Bom, eu n?o estou a fim de ir pelo mesmo caminho que ela, o que acha de irmos pela esquerda?

  A Sombra ao seu lado também parecia pensativa, mas logo concordou com um aceno. Come?aram a se mover silenciosamente pelos corredores sombrios do labirinto. O silêncio provinha da cautela, e era quase palpável, quebrado apenas pelo ocasional gotejar de água das paredes úmidas.

  De repente, os vários corredores tornaram-se apenas uma linha reta, sem mais ramifica??es, e um som distante foi ouvido, um eco que parecia um grito.

  — Devemos ir até lá? — perguntou a Sombra, já come?ando a tirar sua arma da bainha.

  — N?o temos muita escolha, voltar agora seria perca de tempo.

  — Espero n?o morrer à toa por uma “perca de tempo”.

  Sem mais discuss?o, correram até o local. Quando chegaram à origem do barulho, encontraram um grupo de gladiadores presos em uma camara, lutando contra uma criatura gigante e avermelhada. Sua aparência era como a de um grande Oni com longas presas saindo de um grotesco rosto. Em suas costas, centenas de armas dos mais variados tipos perfuravam sua carne, profundamente cravadas em cicatrizes a muito tempo fechadas.

  A batalha era feroz, com os gladiadores tentando desesperadamente manter a criatura à distancia.

  — No pesco?o dele, parece que é nosso objetivo — indicou Ana ao notar uma coleira pendendo pesadamente, com uma chave brilhando sinistramente contra a pele suja.

  — Vamos acabar com isso rápido — murmurou a Sombra, firmando sua espada.

  As gladiadoras de elite se posicionaram enquanto o gigante avan?ava. A criatura atacou com uma velocidade surpreendente, seus punhos se movendo como aríetes. Ana desviou habilmente do primeiro golpe, sentindo o vento passar por seu rosto. A Sombra n?o perdeu tempo, circulando ao redor da criatura e desferindo um corte rápido em seu flanco. A lamina encontrou resistência, mas conseguiu rasgar a pele endurecida.

  Os outros gladiadores que já estavam no local tentaram ajudar, mas um a um foram derrubados, os gritos de dor e o som de ossos se quebrando ecoavam pelo corredor. Ana manteve sua aten??o no inimigo, suas habilidades de batalha testadas ao máximo. A criatura lan?ava socos brutais, cada impacto fazendo o ch?o tremer. Ana esquivou de um gancho de direita e contra-atacou com uma estocada, atravessando o bra?o esquerdo do monstro.

  — é forte, mas nada demais — gritou a Sombra, deslizando sob um golpe e cortando uma parte da perna da criatura.

  Rugindo de dor ao enfrentar a equipe bem coordenada, a criatura recuou alguns passos. Seus frios olhos encararam os pequenos humanos à sua frente, e de repente a criatura percebeu que as espadas eram a fonte de sua desvantagem.

  Com uma express?o de compreens?o limitada, o monstro alcan?ou suas próprias costas e retirou uma grande e enferrujada lamina de uma das muitas feridas. Agora armado, ele balan?ou o peda?o de metal algumas vezes, tentando imitar o que estava vendo, e avan?ou com uma nova ferocidade.

  — Olha, é um monstro bem esperto — brincou Ana, também correndo para finalizar logo a luta. Seus olhos estavam calmos, mas logo se arregalaram de surpresa ao ser obrigada a bloquear um golpe poderoso, sentindo o impacto reverberar por todo o seu corpo.

  O monstro rugiu, como se estivesse feliz com o feito, e logo reagiu rapidamente, girando abruptamente e acertando um soco na lateral da cabe?a da sombra, que aproveitou a abertura anterior para tentar desferir um golpe no ombro do monstro. A mulher parecia ainda mais pálida enquanto tentava se levantar com pernas cambaleantes, cuspindo sangue misturado com alguns poucos dentes.

  — Sombra! — gritou Ana, desviando de outro golpe mortal e avan?ando com um corte limpo, acertando a lateral do corpo da criatura.

  A luta intensificou-se ainda mais, o monstro imitava habilidosamente os movimentos que via, e sua habilidade recém descoberta se mostrava muito útil, apesar de bruta. A maioria dos gladiadores comuns já estavam mortos ou feridos demais para continuar, e Ana lutava com todas as suas for?as, sem conseguir causar um ferimento profundo o suficiente para encerrar o combate. A Sombra recuperou-se um pouco de seu atordoamento e voltou a lutar, sua lamina brilhando sob a luz tênue.

  Vendo ataques vindos de diferentes lados, a criatura tentou um ataque duplo, mas Ana e a Sombra desviaram em sincronia, contra-atacando com golpes precisos. O monstro rugiu, sentindo o acúmulo de ferimentos enfraquece-lo. Mesmo assim, ele se recusava a cair, sua determina??o feroz o mantinha de pé.

  “Essa é minha chance”, pensou Ana, notando o leve cambaleio do suposto Oni.

  Com uma velocidade impressionante, ela saltou nas costas da criatura, usando as muitas outras armas como apoio. Em um movimento improvisado, cravou sua espada profundamente onde acreditava estar o peito de seu inimigo.

  A criatura caiu de joelhos, e com um último suspiro, tombou no ch?o, já sem respirar.

  — Vivas, mais uma vez — sussurrou Ana, pegando a chave da coleira com um pux?o. Ofegantes e cobertas de sangue e suor, ambas caminharam em silêncio em dire??o às grades que bloqueavam a saída.

  A mercenária inseriu a chave na fechadura e girou, ouvindo o clique satisfatório da trava se abrindo. Com um esfor?o conjunto, elas empurraram o enferrujado port?o, o qual abriu com um alto rangido.

  — Bem, imagino que isso era o mínimo a se esperar depois de tudo, né?

  — Tenho que concordar — respondeu a Sombra, aproximando-se do altar próximo a parede e pressionando o bot?o.

  Após o clique de ativa??o, enfaixaram algumas de suas feridas com pe?as de roupa rasgadas, e seguiram em dire??o a uma pequena escada, torcendo para n?o se tratar de alguma armadilha.

  Em meio ao segundo lance de degraus, Ana parou, erguendo a m?o. A Sombra congelou, ouvindo um som sutil, um zumbido baixo que parecia vir das paredes.

  — Mas que “surpresa” — resmungou Ana em um tom ir?nico, puxando repentinamente a Sombra para perto.

  Antes que pudessem reagir, o corredor foi iluminado por uma luz vermelha, e as paredes come?aram a se mover, empurrando-as bruscamente em dire??o a uma camara aberta.

  Elas correram, tentando escapar, mas foram incapazes de igualar sua velocidade, sendo empurradas bruscamente em dire??o ao espa?o claustrofóbico. Com a porta se fechando atrás delas, Ana e a Sombra se viram prensadas uma contra a outra, sem espa?o para se mover no local que certamente n?o foi feito para duas pessoas. Apenas uma saída era visível: uma abertura estreita no teto.

  — Ei! Cuidado com onde toca! — gritou Ana com um sutil sorriso malicioso, aliviando a tens?o enquanto estudava o local.

  A Sombra revirou os olhos, mas n?o p?de deixar de sorrir. O espa?o apertado for?ava seus corpos a ficarem próximos, cada movimento mínimo era sentido pela outra. Elas tentaram se reposicionar, os bra?os e pernas se cruzando de forma desajeitada, enquanto procuravam uma maneira de alcan?ar a abertura no teto.

  Ana se contorceu para encontrar uma posi??o melhor, mas cada tentativa resultava em uma risada abafada ou um resmungo de frustra??o.

  — Isso está ficando um pouco ridículo — murmurou Ana, tentando conter uma risada.

  — Só um pouco — respondeu a Sombra de forma leve, finalmente encontrando um ponto de apoio.

  Com algum esfor?o e colabora??o, conseguiram se preparar para escalar. A gladiadora impulsionou a Sombra, que se agarrou à borda da abertura e, com for?a, a puxou para cima em seguida.

  Elas emergiram em uma nova se??o do labirinto, recuperando a compostura e preparando-se para o próximo desafio.

  — Vamos, temos que continuar — disse Ana, tomando a dianteira, sua express?o séria retornando.

  Esta parte possuía poucos corredores, sendo composta em sua maioria por bifurca??es em um amplo espa?o. Em certo momento passaram a sentir uma leve corrente de ar, sugerindo uma possível saída, sendo esse o caminho escolhido sempre que necessário. Conforme avan?avam, o local se convergia lentamente em uma camara maior, com colunas que lan?avam sombras longas e amea?adoras.

  No centro, um último altar de pedra, iluminado por uma luz sobrenatural, as esperava.

  — Este deve ser o objetivo — murmurou Ana, aproximando-se com cuidado, só para notar uma figura n?o muito grande sentada ao lado de uma das colunas.

  A Bruxa abra?ava seus próprios joelhos com seu sorriso habitual, mas levantou uma pequena m?o para acenar para as garotas, como se as convidando a se sentar também. As garotas pararam, a encarando, até que a gladiadora de Lysandra, notando a confus?o, apontou para um ponto que caminhava a passos rápidos em dire??o ao altar.

  Vendo que todos os presentes o olhavam, ele os encarou de volta com um olhar amea?ador, sua presen?a imponente enchendo a sala.

  — Parece que chegamos no mesmo momento — disse o Colosso, sua voz baixa mas claramente audível.

  “Ah, foda-se tudo isso”, pensou Ana, seguindo o exemplo da Bruxa e sentando-se em uma coluna próxima. Seus olhos se fecharam com um suspiro cansado.

  Discord oficial da obra:

  Galeria e outros links:

Recommended Popular Novels