A manh? trouxe um vigor renovado, e a clareira do vilarejo estava envolta em uma leve névoa que dava ao lugar uma sensa??o de mistério. A pequena arena improvisada, com suas bordas delimitadas por troncos de árvores caídos, estava repleta de tens?o. O som de garras no solo, respira??es pesadas e gritos de batalha ecoavam entre as árvores.
No centro, Lúcia, levemente mais alta e confiante, enfrentava o lobo vermelho. Seus movimentos eram ágeis, mas ainda um pouco desajeitados, enquanto tentava esquivar-se das investidas do animal. O lobo, por outro lado, era uma vis?o de for?a controlada, suas garras e presas parecendo amea?adoras, mas seus ataques cuidadosamente moderados para n?o machucar a garota.
Ana, de bra?os cruzados, observava a cena com um olhar crítico. Seu rosto n?o mostrava emo??o, mas seus olhos seguiam cada movimento da crian?a, avaliando seu progresso.
— Concentre-se, Lúcia! N?o adianta ter for?a se você n?o sabe onde usá-la.
A menina deu um último salto, escapando de um ataque do animal, e caiu de joelhos, ofegante. A luta terminou, e Ana se aproximou, colocando uma m?o no ombro da menina.
— Bom trabalho. Você está melhorando. — Ana sorriu levemente. — Agora, monte-o. Precisamos voltar.
Lúcia subiu nas costas do lobo, afundando o rosto no grosso pelo vermelho enquanto escondia o rosto avermelhado pelos elogios.
— Como est?o as práticas de manipula??o de mana? Está estudando bem?
— Sim! Também estou ficando cada vez melhor nisso!
— ótimo. Quem sabe você n?o se torna um ótimo isqueiro para acender a fornalha? — brincou Ana, provocando uma risada na garota.
O caminho estava tranquilo. Os moradores que passavam por eles cumprimentavam-nas com acenos respeitosos, uma marca da confian?a e gratid?o que haviam desenvolvido por ela ao longo dos meses.
A aldeia estava transformada. Havia muros altos e robustos circundando as casas, protegendo contra os perigos da floresta. As constru??es eram sólidas e bem-feitas, um testemunho do progresso alcan?ado com o uso adequado da forja para melhorar as ferramentas disponíveis.
Torres de vigia foram erguidas nos pontos estratégicos, e pequenos grupos de sentinelas patrulhavam o perímetro, atentos a qualquer sinal de amea?a. Em um dos cantos do pequeno povoado, criaturas estranhas semelhantes a porcos selvagens, mas com o dobro de tamanho, estavam deitadas pregui?osamente em uma jaula, criadas como gado. Era uma vis?o peculiar, mas necessária para a sobrevivência da aldeia.
— Ana, precisamos da sua ajuda! — uma mulher se aproximou, com o rosto preocupado. — Ainda n?o conseguimos fazer o solo ficar nutrido adequadamente para as planta??es. Pode nos ajudar mais tarde?
— Claro, eu passo lá depois.
Mais à frente, outra pessoa se aproximou.
— Meu filho está doente. Você se importa de dar uma olhada?
— Traga-o ao meu consultório mais tarde — disse Ana, tentando manter a calma.
— Todo mundo gosta de você — murmurou a crian?a ao seu lado, como se contando um segredo.
— Pra mim parecem só um bando de folgados. Vai lá almo?ar, Lúcia, terminamos por hoje.
— Certo! — disse a menina, correndo em dire??o à sua casa. Seu pequeno corpo saltitava com uma leveza juvenil, mas Ana notava seus músculos se desenvolvendo continuamente através do treino e a alta recupera??o que a mana proporcionava.
A mercenária se dirigiu a uma intrigante estrutura quadrada, bem diferente do design caloroso das outras constru??es. Era um tipo de consultório improvisado, mas também onde ela vivia. Uma casa simples, mas funcional. Dentro, havia uma cama, uma mesa com vários instrumentos médicos rudimentares e algumas prateleiras cheias de ervas e po??es.
“Mais um dia, mais uma tentativa”, pensou a mulher, alongando o corpo cansado.
Um longo suspiro acompanhou seus passos a um canto da sala. Com um movimento preciso, abriu um al?ap?o escondido sob a cama. As juntas suaves n?o emitiram rangidos, e com um pux?o rápido, acendeu um lampi?o, revelando uma escada que descia para um escuro por?o. O brilho da chama trêmula iluminava as paredes de pedra, dando ao lugar uma atmosfera ainda mais sinistra.
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O pequeno e sombrio cubículo era um contraste sombrio com o resto da casa. O ar macabro trazia arrepios, e uma mesa de cirurgia se estendia a partir do centro. Vários equipamentos médicos, mais afiados do que os vistos do lado de fora, podiam ser vistos em um caixote e panos ensanguentados estavam espalhados por todo lado. Na parte de trás, um profundo buraco podia ser visto, contendo diferentes membros das mais diversas criaturas. A mistura de odores metálicos e o cheiro acre de sangue seco permeava o ar, tornando-o quase sufocante.
Ana tirou a armadura de couro com cuidado, revelando cinco agulhas longas que atravessavam seu peito, chegando até o cora??o. O semblante de dor distorcia seu rosto enquanto ela pegava um caderno e fazia algumas anota??es, registrando suas observa??es mais recentes
Ana encostou lentamente nos finos metais em seu corpo, e ent?o fechou os olhos, concentrando-se. As agulhas come?aram a emitir um sutil brilho acinzentado, caloroso e repugnante na mesma medida. A mercenária ent?o dirigiu o olhar para sua m?o, tentando manifestar alguma coisa.
— No fim, n?o parece que vai dar certo — resmungou, frustrada, ao ver que nada estava acontecendo.
Mais um suspiro se manifestou em seus lábios, e com um passo longo chegou a uma mesa onde um corpo relativamente fresco de um monstro humanóide de pele estranhamente clara estava deitado.
— Mais robusto, carne mais resistente e as veias mais espessas. Só posso torcer para dar certo dessa vez.
Ela come?ou a remover os ossos e a carne, preservando as veias intactas com precis?o cirúrgica. Cada corte era feito com maestria, evitando danificar as estruturas delicadas que precisaria. Uma vez terminado, ela lentamente removeu as agulhas que a perfuravam, seguindo para um pequeno corte no seio de seu cora??o.
Com cuidado, ela ligou as veias do monstro às suas próprias, utilizando pequenos peda?os de metal aquecido para cauterizar as conex?es. Cada toque de calor enviava ondas de dor através de seu corpo, mas Ana manteve a concentra??o.
Seus olhos estavam firmemente fechados enquanto tentava canalizar a energia através das veias externas. Sentiu um calor intenso, um pulsar de energia que parecia diferente das vezes anteriores. As veias se iluminaram, come?ando a pulsar em sincronia com seu cora??o.
— Finalmente... — sussurrou, sentindo um misto de alívio e excita??o.
Mas a sensa??o durou pouco. A energia logo tornou-se caótica, fazendo o calor aumentar de forma insuportável. As veias come?aram a queimar, enviando espasmos de dor por todo o corpo e um cheiro acre de carne torrada se espalhou pelo local. Com um pux?o, Ana desfez as conex?es, costurando rapidamente o corte em seu peito.
— Mais um que n?o aguenta — murmurou, ofegante, enquanto jogava os restos do monstro junto com os demais restos após guardar um pouco de sangue em um pequeno frasco. — Zero surpresas hoje.
Após jogar um pouco de um denso óleo esverdeado, ateou fogo no buraco, saindo do por?o enquanto a limpeza de suas falhas experimentais era feita. Cansada, se jogou na cama, permitindo-se alguns momentos de descanso enquanto massageava as têmporas.
— Estou ficando sem alternativas… no fim terei que arriscar.
Ela já havia experimentado veias de muitos monstros, tentado usar alguns materiais sintéticos que tinha em m?os e até mesmo métodos mágicos limitados ao conhecimento que recordava da superfície. Cada tentativa terminava em dor e fracasso. As veias dos monstros eram mais resistentes que as humanas, mas parecia ter algo fundamentalmente diferente, pois n?o conseguiam conter a energia pulsante de seu cora??o, e os outros métodos mal chegaram a gerar alguma energia externa.
Lentamente, Ana se levantou e olhou ao redor da pequena casa. A aldeia lá fora prosperava, e ela até que gostava do local, mas se sentia presa em um ciclo interminável de tentativas e erros. N?o havia garantias, mas usar um corpo humano era um território que ainda n?o havia explorado. Já era hora de parar de adiar.
Seus passos se arrastaram entre as casas, observando os moradores indo e vindo em suas atividades diárias. Cada rosto que passava por ela parecia carregar a sombra de sua pondera??o, sabendo que a decis?o podia mudar tudo.
Chegando à forja, pegou uma espada recém feita, sentindo o peso familiar em suas m?os. O metal frio contra sua pele parecia trazer um estranho conforto, uma sensa??o de poder e controle em meio ao caos interno que enfrentava.
“Vamos acabar logo com isso”, concluiu, após alguns minutos refletindo.
Seus passos silenciosos foram em dire??o às casas mais afastadas. Ana sabia quem vivia em cada lugar, identificando rapidamente um dos moradores que vivia sozinho. A lamina estava firme em suas m?os, e seu corpo se preparava para uma investida rápida na residência, quando de repente gritos vieram do centro da aldeia. Vozes agitadas e alarmadas ecoavam pela noite.
“Mas que merda…”
Ana baixou a espada e se virou, correndo de volta para a aldeia para entender o que estava acontecendo. O som de passos e murmúrios crescia à medida que se aproximava, e quando chegou, viu um grupo de pessoas ao redor de um homem inconsciente, coberto de sangue e folhas.
— Encontramos ele na floresta, perto do antigo port?o — explicou um dos guardas. — Parece que foi atacado por alguma coisa.
“Pelo jeito o destino sorriu para mim dessa vez”, pensou a garota. Um sorriso lento se formou em seus lábios enquanto se aproximava do grupo, pronta para assumir o controle da situa??o.
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