Alex, até ent?o em silêncio, deu um passo à frente. Seu rosto estava sério, e escolheu cuidadosamente suas palavras antes de falar.
— Talvez fosse melhor discutirmos isso em um lugar mais... privado — sugeriu em tom respeitoso.
O réptil soltou uma risada baixa e seca, divertindo-se com a sugest?o. Ele mastigou mais alguns peda?os da refei??o lentamente, como se estivesse ponderando a ideia.
— Privacidade? N?o há necessidade disso. Falem logo, jovens. O que a cidade em ruínas quer de mim?
“N?o há espa?o para rodeios”, pensou a garota ruiva, tomando a frente da conversa e suspirando antes de come?ar a explica??o.
— Estamos com problemas com Myrmeceum. Eles exigem que ajudemos em um ataque contra Carapicuíba em troca de paz. Se recusarmos... — Eva hesitou, mas manteve o olhar firme no homem lagarto, que a encarava com seus olhos amarelados — Também seremos arrastados para a guerra.
O silêncio que seguiu suas palavras foi quebrado por uma risada estrondosa do general. O som reverberou pelas paredes, como um trov?o que ecoava pelo ambiente. Lana, ao fundo, soltou uma risadinha discreta, claramente se divertindo com a rea??o do pai.
— O que aquele bando de covardes tem na cabe?a? — exclamou, acenando em descren?a, com o suco da carne escorrendo pelo canto da boca, o qual limpou de maneira casual com o antebra?o. — Que venham! E se os mascarados se juntarem a eles, que venham também!
O general balan?ou a cabe?a novamente, ainda rindo da situa??o.
— Lagartos devoram insetos, n?o o contrário — disse ele, desta vez mais calmo, antes de fazer uma pausa e olhar para a própria m?o, que ainda segurava um peda?o generoso de sua refei??o. Ele franziu a testa, como se tivesse acabado de perceber algo, e ent?o o levou para o alto, balan?ando o peda?o de carne ensanguentada. — Mas n?o literalmente, claro! — brincou, rindo de si mesmo. — Eu prefiro carne bovina!
Lana riu alto, apreciando o momento, enquanto Alex e Eva trocavam olhares incertos, sem saber se a brincadeira tinha uma segunda camada de verdade. O general mordeu a pe?a vermelha com for?a, como se estivesse provando seu ponto de forma dramática.
— Viu? Sem insetos por aqui — concluiu, satisfeito, enquanto limpava novamente a boca com o dorso da m?o.
O clima, antes carregado de tens?o, agora parecia mais leve, embora a ferocidade do general estivesse sempre à espreita, pronta para voltar ao menor sinal de desafio.
— N?o é t?o simples assim — interrompeu finalmente Alex, sua voz baixa e firme. — Eles planejam escavar túneis sob a cidade, enchê-los de pólvora e explodir partes estratégicas de uma só vez.
A express?o de Leandro permaneceu desdenhosa, mas escureceu levemente. Seus músculos, sob as escamas grossas, se tensionaram quando ele ajustou sua postura, ficando mais ereto.
— Túneis? Explos?es? — repetiu, estreitando os olhos. — E qual é o objetivo de virem até aqui para me falar isso?
Eva desviou o olhar por um momento, reunindo coragem. Ela sabia que falar com alguém t?o intimidador seria difícil, mas a sinceridade em sua voz transpareceu quando finalmente respondeu.
— Eu… eu só n?o quero que tanta gente morra. Talvez vocês possam deixar a cidade por enquanto... ou talvez nos unirmos para pressionar Niala juntos…
O general suspirou profundamente, seus ombros largos relaxando um pouco.
— Niala... — murmurou, o nome parecendo mais um lamento do que uma palavra. — Niala n?o é irracional, nem injusta. — seu tom ficou mais zombeteiro, imitando o comportamento típico de Verath, o esguio homem-inseto. — Que piada! N?o há rivalidade real entre nossos povos. E repito: s?o só um bando de covardes!
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Sua esposa, ao fundo, balan?a a cabe?a com um sorriso, como se já tivesse ouvido essa explica??o antes.
— Meu povo gosta de lutar, é verdade — continuou o general — Mas n?o criamos brigas por sangue. Fazemos isso por divers?o. — Ele fez uma pausa, e a frustra??o brilhou em seus olhos reptilianos. — Além disso, estamos cansados de pedir que os insetos forjem armaduras rúnicas para nós. Eles sempre se recusam. Quem sabe por quê? Eles têm algo contra nós, mas nunca disseram o motivo.
Com um gesto cansado, empurrou o pote de carne de lado e, com um movimento brusco, levantou-se. Ele olhou diretamente para a dupla mascarada, sua voz reverberando pela sala.
— N?o quero gente de fora se metendo nisso, principalmente gente que n?o entende que está sendo usada. Eles n?o têm culh?es para fazerem algo por conta própria, fazer isso seria a desculpa perfeita para os puros iniciarem uma nova cruzada, por isso est?o tentando usar vocês. Mas vou mandar mensageiros para Myrmeceum. — o nome da col?nia saiu de sua boca com um desgosto evidente. — De uma forma ou de outra, vou resolver isso.
Enquanto falava, esticou o corpo, ainda mais imponente ao se levantar por completo. Ele inclinou a cabe?a ligeiramente, em um gesto de respeito, olhando diretamente para Eva.
— Enfim, obrigado por me avisar, crian?a. Você fez bem.
Foi com tal agradecimento que, antes que qualquer um pudesse reagir, o general se moveu com uma rapidez inesperada, um flash de movimento impressionante para alguém de seu tamanho. Em um lampejo, lan?ou um soco poderoso de baixo para cima em dire??o a Alex.
O ar ao redor parecia vibrar com a for?a do ataque, mas o pugilista reagiu instintivamente, cruzando os bra?os para bloquear o golpe. O impacto foi devastador. Um baque dolorido ecoou pela sala, for?ando-o a recuar alguns passos, seus bra?os latejando com a dor.
No automático e sem perder o ritmo, Alex girou o corpo, desviando do impacto total de outro soco que vinha em dire??o a seu ombro e, com a precis?o de um predador, contra-atacou. Seu punho se moveu em um arco rápido, utilizando as técnicas que dedicou os últimos anos para aperfei?oar, que concentrava toda a for?a em um único golpe. Ele mirou em um angulo inesperado e saltou, vindo de cima, como um relampago.
O general tentou desviar, mas os dedos cerrados ainda atingiram de leve sua bochecha, o suficiente para deixar uma marca fina cravejada de rachaduras. Sangue escorreu lentamente pelo corte, tra?ando uma linha nas escamas do gigante. Sem parar o movimento evasivo, ele saltou, momento no qual sua cauda veio como um chicote, agarrando a perna direita de Alex e fazendo-o cair pesadamente no solo.
Eva ficou paralisada, os olhos arregalados, incapaz de processar o que acabara de acontecer. O guerreiro de máscara azul, por outro lado, rolou para longe e levantou-se, voltando a posi??o de combate, seus bra?os ainda tremendo.
— Mas que porra foi essa? — murmurou, incrédulo.
Leandro, no entanto, soltou uma gargalhada profunda, seus olhos brilhando com uma anima??o selvagem. Ele passou a língua fina sobre o corte, saboreando o gosto do próprio sangue.
— Hah! Você é bom! — exclamou, sua voz carregada de admira??o. — Excelente! Finalmente, os mascarados saíram das sombras. Vamos ser ótimos parceiros de luta depois que resolvermos as coisas com aqueles medrosos!
O sorriso do general se ampliou, revelando seus dentes afiados. Ele parecia genuinamente revigorado pelo breve confronto, o prazer do desafio refletido em cada linha de seu rosto.
— Parceiros… de luta?
— Mas é claro! N?o acho que Niala fará nada, mas n?o vou continuar a brincar com o perigo. Vocês, por outro lado, até me avisaram! Com quem mais eu trocaria socos sem pesar no cora??o?
A dupla mascarada trocou um olhar rápido, suas mentes em uma estranha sincronia.
“Merda!”
Eva passou a m?o pelo pesco?o, tentando organizar os pensamentos.
— Bem... o resultado foi melhor do que uma chacina... eu acho — murmurou, incerta.
Alex levantou as m?os, como se estivesse se livrando de qualquer culpa.
— Quero deixar claro que avisei! — sussurrou para ela, soltando um suspiro resignado. — A Ana... vai ficar brava.
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