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Capítulo 100 - Ecos de Sobrevivência

  — Luiz, você realmente entendeu? — perguntou Ana, lan?ando um olhar afiado na dire??o do homem enquanto caminhavam vagarosamente pela floresta. As folhas secas farfalhavam sob os pés do grupo, e a luz do sol filtrava-se entre as árvores, criando sombras dan?antes no ch?o.

  Luiz, cuja express?o permanecia tranquila por trás da máscara escura, assentiu.

  — Sim, sim. Vou acompanhar os emissários para as cidades menores, e se as negocia??es ficarem complicadas... posso dar uma "ajuda" — ele repetiu as palavras com de forma levemente zombeteira, mas o tom em sua voz indicava que estava completamente consciente da importancia da tarefa.

  Ana parou de andar por um momento, girando o corpo levemente para encará-lo.

  — E o que mais?

  Luiz suspirou, como se estivesse cansado daquela revis?o constante.

  — Nas cidades grandes, nada de truques mentais. N?o queremos despertar suspeitas ou, pior, uma guerra. N?o agora. N?o enquanto estamos apenas come?ando a nos fortalecer e bla, bla, bla.

  Ana acenou com a cabe?a, satisfeita.

  — Certo, é isso. N?o se esque?a.

  O grupo continuou sua caminhada pela floresta, movendo-se com uma estranha combina??o de urgência e calma. Ana olhou para os emissários escolhidos, os mais carismáticos que conseguiram encontrar entre os mascarados. N?o era uma sele??o fácil, mas o grupo formado parecia adequado para a tarefa.

  — Lembrem-se — Ana disse, dirigindo-se ao restante do grupo. — O foco deve ser negociar qualquer tecnologia médica ou de pesquisa que conseguirem. Tudo o que puderem encontrar. Os recursos que encontramos nas ruínas n?o foram suficientes, e precisamos de mais para alcan?ar nossos objetivos. E além disso... — ela parou por um momento, como se estivesse refletindo sobre suas próximas palavras. — Espalhem a notícia de que um novo reino está surgindo. N?o exagerem, só precisam saber que estamos aqui.

  Ela lan?ou um último olhar a Luiz.

  — E, pela última vez…

  — Usem suas máscaras o tempo todo. N?o quero que nossas identidades humanas sejam reveladas. Deixem que pensem que somos amaldi?oados. Isso nos dá uma vantagem estratégica — completou Luiz, interrompendo a mercenária, quase como se estivesse recitando uma li??o ouvida dezenas de vezes.

  — Exatamente. Que eles temam o que n?o conhecem — respondeu Ana, satisfeita com a resposta.

  Finalmente, chegaram a uma clareira em meio ao bosque, onde a luz do sol penetrava mais forte, iluminando o círculo de arbustos ao redor. Era o ponto onde se despediriam antes de cada um seguir seu caminho.

  — Vocês sabem o que fazer. Cuidem-se e voltem com boas notícias.

  Os emissários fizeram reverências curtas antes de seguirem. Luiz foi o último a partir, dando um aceno de adeus para Ana, que permaneceu imóvel, observando até que ele sumisse de vista.

  Quando o silêncio da floresta voltou a dominá-los, Ana se virou para sua outra companhia, a conselheira cuja máscara de ave de rapina combinava muito bem com o ambiente.

  — Emily, agora é sua vez.

  Na noite anterior, Ana havia passado horas analisando os mapas que ela lhe fornecera. Embora fossem bem detalhados, estavam muito aquém do que ela queria. Como Emily era a responsável pelo território, Ana decidiu que, ao invés de simplesmente apontar os erros, ela demonstraria pessoalmente as informa??es necessárias.

  — Esses terrenos aqui, por exemplo, têm um potencial estratégico claro, mas os mapas n?o destacam isso — disse Ana, apontando para uma pequena eleva??o que poderia ser usada como um ponto de defesa natural. — E ali, aquele solo é fértil, mas perto demais do que parece ser uma mina de sal. Essas coisas precisam ser devidamente catalogadas.

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  A estátua parecia tímida, mas ouvia atentamente cada palavra de sua rainha, absorvendo cada detalhe enquanto anotava mentalmente as instru??es. Ana continuou a caminhar, descrevendo os recursos naturais, solos que poderiam ser usados para agricultura, diversos tipos de planta, fontes de água e até mesmo locais que poderiam esconder minas valiosas.

  — Refazer esses mapas n?o é apenas uma quest?o de precis?o, mas de entender o que está em jogo. Precisamos saber onde cada coisa está localizada, qual o melhor uso para cada área e, principalmente, como defender isso — Ana afirmou com uma seriedade que Emily raramente havia visto nela.

  — Entendido, minha senhora. Vou come?ar agora mesmo — respondeu Emily acenando para um pequeno grupo de mascarados que a seguia. Ela passou as instru??es rapidamente, e os mascarados se curvaram levemente para Ana antes de se espalharem pela área, prontos para identificar cada detalhe visando adequar-se ao novo padr?o exigido.

  — Ana. Esse é meu nome, n?o minha senhora — murmurou a mercenária, segurando levemente o bra?o da conselheira que se preparava para partir. — N?o me fa?a ficar repetindo a mesma coisa mil vezes…

  — Certo… Ana…

  — ótimo. Agora, pode ir.

  Vendo a figura adentrar na mata com eficiência, Ana ficou sozinha por um momento. Estava satisfeita com a prontid?o deles, mas sua mente n?o parava. Obter os recursos de um reino inteiro poderia tornar sua vida tranquila de estudos muito mais simples, ent?o n?o via a hora de terminar tudo, se irritando por saber que n?o havia como acelerar ainda mais.

  Enquanto divagava sobre o futuro e caminhava em dire??o a um ponto elevado para ter uma vis?o melhor do território, algo no ch?o chamou sua aten??o. Era um inseto peculiar, brigando ferozmente com uma vespa. O inseto n?o parecia ter muita chance na luta, mas algo nele prendeu o olhar de Ana. Ela nunca havia visto uma espécie como aquela. Ficou observando por um instante, intrigada pela batalha desigual.

  — Que criatura estranha... — murmurou, inclinando-se para examinar o pequeno ser. Suas cores eram vibrantes, com um tom avermelhado que brilhava mesmo na luz difusa da manh?.

  Sem pensar muito, decidiu intervir. Com um pis?o firme, esmagou a vespa que o amea?ava, libertando-o de sua predadora. Curiosa, ela cuidadosamente pegou o inseto em um dedo, observando suas características com mais aten??o. A aparência dele era bizarra, possuindo características incomuns e perturbadoras. Ainda assim, Ana sentiu uma estranha for?a emanando daquele pequeno ser, uma energia latente que n?o condizia com seu tamanho.

  — é incrível que existam criaturas assim no mundo abaixo dos meus pés — murmurou para si mesma, intrigada pela natureza única do inseto.

  A rainha se permitiu um momento de contempla??o. A criatura parecia um pequeno sobrevivente de um mundo vasto e desconhecido, um mundo que existia oculto pela terra e pelas raízes profundas. Algo que existe t?o próximo e, ao mesmo tempo, t?o distante de sua percep??o.

  Ela ergueu o olhar para o céu, onde as nuvens pintavam tra?os efêmeros no azul, movendo-se pregui?osamente como pensamentos que se dissipam.

  — Será que Deus me vê assim? Apenas mais um inseto lutando por significado em um mundo vasto e indiferente? — sussurrou, com uma estranha solid?o na voz. Havia algo de assombroso na ideia de que, assim como ela acabara de decidir o destino do uma vida, suas próprias a??es poderiam ser apenas uma nota em uma melodia mais ampla, tocada por m?os invisíveis e distantes.

  Ela suspirou, voltando sua aten??o novamente para sua realidade. Por um momento, o pequeno ser em seu dedo pareceu encará-la de volta, como se estivesse agradecido por ter sido salvo. Havia uma conex?o silenciosa entre eles, um entendimento mútuo de que ambos, de alguma forma, davam tudo de si para ir além das correntes de seus próprios mundos. Decidida a dar-lhe uma chance de sobrevivência, Ana ergueu-o até o topo de uma árvore próxima, colocando-o em um grande galho.

  — Você é forte, um verdadeiro guerreiro — comentou ela, com certo respeito para seu companheiro inesperado.

  Por um momento, observou o inseto se adaptar ao novo ambiente, agarrando-se à madeira de forma cambaleante, como se soubesse que aquela era sua única oportunidade. Satisfeita, ela se endireitou e voltou seu olhar para o horizonte. Se uma criatura t?o pequena podia sobreviver em um mundo t?o hostil, Ana estava mais convencida do que nunca de que ela também podia. Com isso em mente, ela continuou seu caminho, seus pensamentos já retornando às batalhas que a aguardavam.

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