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Capítulo 56 - Espetáculo Sangrento

  — Aaaah, isso é bom demais! Sabe, a única coisa que vale a pena no abismo é essa cerveja — disse Ana, gesticulando em um desordenado brinde imaginário. — é bem mais forte do que qualquer coisa que já provei na superfície.

  A Sombra olhou ao redor, observando o ambiente antes de se voltar para a garota à sua frente. As duas estavam sentadas em uma mesa de canto na taverna da Arena, um lugar rústico e barulhento, cheio de gladiadores e apostadores. A atmosfera era densa com o cheiro de suor e cerveja. Ana bebia avidamente, enquanto a Sombra a observava com uma mistura de curiosidade e leve desdém.

  — Você sempre bebe tanto antes das lutas?

  Ana, com uma nova caneca de cerveja escura nas m?os, tomou um gole longo antes de falar.

  — Só quando sei que vou enfrentar algo mais complicado do que o normal. Relaxe, eu sei o que estou fazendo.

  — Realmente acredita que isso ajuda? N?o entendo por que estamos perdendo tempo aqui — respondeu a Sombra, sua voz carregada de curiosidade e uma pitada de impaciência.

  — Você vai ver. Quando estivermos na arena, tudo vai fazer sentido — disse Ana, com um sorriso sutilmente travesso. — A temporada de gladiadores acabou de come?ar. Preciso estar relaxada, é minha forma de me preparar.

  O lugar vibrava com vida, e os espectadores discutiam animadamente sobre as lutas futuras. As cadeiras estavam lotadas, com pessoas de todas as partes do abismo, todas ansiosas para ver o início da brutal época.

  — Sabia que existem quatro chefes de arena na cidade de Tenebris? — Ana perguntou de forma repentina, olhando para a Sombra. — Durante todo o ano, as lutas s?o apenas contra criaturas, pequenos shows para entreter o público. Mas a temporada de gladiadores é diferente. Humanos lutam contra humanos.

  — E qual é a importancia disso? — perguntou a Sombra, intrigada.

  — Cada um é responsável por dar um espetáculo ao público. Eles cultivam suas próprias equipes de escravos de elite para competirem — disse Ana, com um tom de voz que mostrava sua familiaridade e experiência. — As provas s?o escolhidas aleatoriamente, e a posi??o das equipes determina a posi??o dos chefes na cidade. Ganham muito dinheiro e poder nas decis?es políticas e leis do local. é um grande negócio.

  — Parece um jogo de poder — murmurou a Sombra, franzindo a testa enquanto absorvia as informa??es.

  — Exatamente. Por isso todos os chefes almejam escravos cada vez melhores. Mas é difícil conseguir gente no abismo. O mais comum é pegar jovens vendidos pelas famílias e treiná-los, mas isso demora muito tempo.

  — E Cassandra, ela tem muitos gladiadores?

  Ana fez uma pausa, olhando para sua caneca vazia. Mas logo prosseguiu com um balan?ar de cabe?a.

  — N?o muitos. No momento, sou a única qualificada o suficiente. Havia outro, um grande homem, mas ele morreu na última temporada. Foi meu mentor, assim como estou sendo sua mentora agora.

  — Isso significa que você lutará sozinha? — perguntou a Sombra, intrigada.

  — Oh, n?o, n?o, as provas s?o feitas por uma dupla, uma elite e um novato — disse a mercenária com um grande sorriso, levantando o pulso esquerdo para evidenciar as algemas. — é um destino ir?nico, mas espero que me cubra bem, novata.

  A Sombra parecia prestes a responder ao tom de zombaria em que seu título foi dito, mas desistiu, optando apenas por dar um longo suspiro. Ana alargou ainda mais o sorriso ao ver a rea??o da mulher pálida, e logo continuou sua explica??o.

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  — Além de mim, a Glutona, existem outros dois gladiadores de elite, o Colosso e a Bruxa. Pessoas duras, cada um com suas próprias habilidades e histórias. Já a última equipe ficou sem gladiadores no ano anterior, ent?o para nossa sorte ser?o dois novatos nesta temporada.

  A Sombra ficou em silêncio por um momento, pensando em tudo que tinha ouvido. Nesse momento, Cassandra entrou na taverna, caminhando em dire??o à mesa delas com um sorriso satisfeito e passos firmes.

  — Parece que vocês duas est?o se conhecendo melhor. Excelente — disse ela, sentando-se ao lado de Ana. — Tenho novidades sobre as batalhas deste ano.

  As mulheres se endireitaram, prontas para ouvir.

  — A novidade é que... n?o sei de nada! — Cassandra deu uma alta risada ir?nica. — Este ano, n?o houve pré-escolha. As provas ser?o reveladas no dia, minutos antes de come?arem. Parece que querem nos manter todos na ponta dos pés.

  — Isso é... diferente — falou Ana com uma sobrancelha arqueada.

  — Sim, mas também torna tudo mais interessante. Preparem-se para qualquer coisa. Bom, suponho que estejam prontas, certo?

  — Temos escolha de n?o estar? — perguntou Ana, torcendo o nariz.

  — Claro que n?o! — Cassandra sorriu, levantando a caneca de cerveja. — à vitória! — brindou ela, e as outras duas acompanharam o movimento, erguendo suas próprias canecas com certa irrita??o pela descontra??o de alguém que n?o teria que colocar sua vida em risco.

  — Vamos come?ar com um aquecimento básico — disse Ana, pegando duas espadas de treino e jogando uma para a Sombra. — Precisamos ver o que você tem para oferecer.

  O som de espadas se chocando, gritos de esfor?o e comandos severos ecoavam por todo o campo de treinamento. A Sombra pegou a arma no ar com facilidade, assumindo uma postura de combate que demonstrava sua experiência.

  — Eu n?o sou uma iniciante — disse ela, com um leve sorriso de desafio.

  — Ah, é sim… — respondeu Ana, batendo com a espada sem fio no cotovelo de sua oponente. — Levante mais a m?o, por aqui habilidade n?o é tudo.

  — O que você quer dizer?

  Com um sorriso e um passo para trás, Ana levantou a espada em uma pose exagerada.

  — Teatro! — exclamou. — é um espetáculo. Se você for entediante, provavelmente vai acordar morta pelos administradores. O público quer ver emo??o, drama, algo que os mantenha na ponta das cadeiras.

  A garota come?ou a fazer movimentos grandes, adicionando floreios desnecessários mas visualmente impressionantes aos seus golpes e defesas. A Sombra observou, lentamente entendendo o que Ana queria dizer.

  — Claro, se seu oponente estiver com a arma em m?os prestes a te matar, lute com tudo o que tem, mas tudo feito a sete passos de distancia deve ser visualmente impressionante. Pense nisso como um show, a vitória n?o é apenas sobre ser a mais forte, mas sobre ser a mais memorável.

  — Parece apenas ridículo. Isso n?o é um combate real.

  — E é ridículo, mas é isso que dá dinheiro — a resposta de Ana soou triste, mas conformada. — Mas sobre ser real, recomendo que n?o vacile. é um combate cruel onde todos querem matar a concorrência, seja apenas para aproveitar os benefícios ou simplesmente por ser um maníaco desgra?ado. Bom, vamos mais uma vez.

  A prática come?ou com a Sombra, a contragosto, tentando incorporar a teatralidade que havia sido demonstrada. Ana corrigia e ajustava, ensinando a importancia de cada movimento ser n?o apenas eficaz, mas também impactante para o público.

  O sol come?ava a descer no horizonte, lan?ando sombras longas pelo campo de treinamento. A nova escrava come?ou a incorporar os floreios e exageros ensinados. Golpes que antes eram diretos agora tinham um toque de dramatiza??o, defesas tornavam-se oportunidades para exibi??es de for?a e habilidade e frases ocasionais foram soltas durante as lutas.

  — Muito melhor — Ana disse, vendo a clara mudan?a nos movimentos. — Lembre-se, eles querem ver sangue, suor e glória. Amanh? n?o haverá espa?o para erros.

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